Impacto Social

Unasp São Paulo oferece curso gratuito de computação para pessoas com deficiência visual

Ronildo Silva é cego desde os 4 anos de idade. Hoje, com 30 anos, ele ainda aprende sobre o “universo digital”. Devido a cegueira, o jovem rapaz não acompanhou o desenvolvimento da tecnologia ao longo tempo, e a inclusão começou a ser mais discutida e colocada em prática quando já havia se tornado adulto. A […]

Texto: Aira Annoroso

Ronildo Silva com o professor Dr. Roberto Sussumu Wataya durante a aula do projeto “Alfabetização digital das pessoas com deficiência visual”.

Ronildo Silva é cego desde os 4 anos de idade. Hoje, com 30 anos, ele ainda aprende sobre o “universo digital”. Devido a cegueira, o jovem rapaz não acompanhou o desenvolvimento da tecnologia ao longo tempo, e a inclusão começou a ser mais discutida e colocada em prática quando já havia se tornado adulto.

A realidade de Ronildo começou a mudar nos encontros que começou a ter no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-SP), do grupo “Visão Real”, com pessoas que possuíam a mesma deficiência. Nas reuniões, o jovem rapaz tomou conhecimento do projeto “Alfabetização digital das pessoas com deficiência visual”, também realizado no Unasp, cujo objetivo é ensinar os princípios básicos da computação para que esse grupo consiga se inserir ou conquistar uma posição melhor do mercado de trabalho.

Para ele, que participa do projeto há 4 anos, mudanças significativas aconteceram em sua vida após aprender mais sobre computação. “Aprendi sobre como funciona o computador e cada função, e isso é muito útil para o mercado de trabalho”, conta.

É notável a realidade de que quem possui algum tipo de deficiência precisa lutar muito para conquistar um espaço no mercado de trabalho. Segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil existem quase 7 milhões de pessoas com deficiência visual. Só no bairro do Capão Redondo, periferia da zona sul de São Paulo (onde o Unasp campus São Paulo é localizado), vivem mais de 1.000 pessoas com cegueira ou baixa visão.

O projeto foi idealizado e é coordenado até hoje pelo professor Dr. Roberto Sussumu Wataya. A ideia surgiu quando Wataya foi questionado pela instituição sobre a aceitação, ou não, de um candidato com deficiência visual para o curso de Processamento de Dados. Pela falta de estrutura requerida para o caso, na época, foi negada a oportunidade ao indivíduo. “Este fato levou-me a vários questionamentos e reflexões, pois sempre busquei uma maneira de atuar auxiliando as pessoas a terem uma vida melhor, e no momento em que tive esta oportunidade, acabei negando-a. Percebi ser necessário fazer algo nesse sentido a fim de mudar essa situação, pois não é admissível que alguém não tenha o direito ao estudo, só por ter deficiência visual”, relata Wataya.

Após momentos de reflexão, Wataya ampliou seus conhecimentos sobre a Educação Especial, principalmente sobre o público com deficiência visual. Após diversas pesquisas de campo e na web, o professor constatou que a tecnologia da computação poderia contribuir significativamente para que esse grupo levasse uma vida normal, permitindo que o mesmo solucione alguns problemas.

Acompanhando o crescimento da tecnologia, hoje o Ronildo tem a oportunidade de aprender com as aulas de um novo projeto: “Smartphone com Android”, aprimorando ainda mais seu conhecimento digital. Atualmente qualquer pessoa com deficiência visual pode participar das aulas de forma gratuita, que ocorrem sempre às terças-feiras e quintas-feiras, das 16 horas às 18 horas.

Veja mais