Cultura e Ciência

É possível tratar a hipertensão sem medicação, aponta pesquisa de professor do UNASP

A quarentena não foi desculpa para o professor do curso de educação física do campus Hortolândia, Eliezer Moura, que na última semana defendeu sua tese de doutorado pelo programa de pós-graduação da Unicamp, com uma pesquisa muito relevante para quem sofre de hipertensão. De acordo com a pesquisa, através de exercícios e Estimulação Transcraniana por […]

Texto: Glória Barreto

A quarentena não foi desculpa para o professor do curso de educação física do campus Hortolândia, Eliezer Moura, que na última semana defendeu sua tese de doutorado pelo programa de pós-graduação da Unicamp, com uma pesquisa muito relevante para quem sofre de hipertensão.

De acordo com a pesquisa, através de exercícios e Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua, é possível reduzir a pressão arterial e, quem sabe, futuramente diminuir a quantidade de medicamentos e/ou da dosagem deles. “Por enquanto, o equipamento de estimulação ainda é um dispositivo caro, mas em breve, com o avanço da tecnologia, poderá ser bem barato”, relata Moura. De acordo com o professor, hoje o dispositivo tem aproximadamente o tamanho de uma caixa de sapato, mas futuramente poderá ter o tamanho de um celular. Ele possui eletrodos que são facilmente manuseados e devem ser posicionados na cabeça. Desta forma, com orientação médica, o paciente poderá usar o equipamento em casa e reduzir sua pressão arterial.

“Essa é uma técnica muito promissora. Na pesquisa, estamos falando do tratamento da hipertensão, mas já existem estudos que relatam ótimos resultados de sua aplicação no tratamento da depressão, reabilitação de pessoas que tiveram AVC, Parkinson, aumento da concentração e da aprendizagem e até na redução do estresse”, conta o professor.

Professor do UNASP Hortolândia, Eliezer Moura, conclui estudo que auxilia no tratamento de hipertensão

Pacientes que participaram da pesquisa

Os pacientes selecionados eram todos do Ambulatório de Farmacologia Cardiovascular do Hospital das Clínicas da Unicamp, e todos eram hipertensos resistentes.  

O professor identificou as principais características dos pacientes participantes: “nessa pesquisa nós trabalhamos com hipertensos resistentes, que são pessoas que tomam pelo menos três classes de medicamentos para hipertensão, com dosagens máximas toleradas, e ainda assim tem dificuldades de baixar a pressão arterial, abaixo dos valores recomendados pelas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2020), que são de 140 por 90 mm/Hg”.

Tratar a hipertensão sem medicação

A pesquisa visava a aplicação de abordagens não farmacológicas, ou seja, tratar a hipertensão sem medicação. Para isso foram usadas duas frentes de tratamento para reduzir a pressão arterial de pacientes hipertensos: o exercício físico e uma segunda ferramenta que se chama Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua, que é uma corrente aplicada no crânio, através de dois eletrodos. É essa corrente que cria um campo elétrico no cérebro da pessoa.

“A pressão arterial e a frequência cardíaca são controladas principalmente pela região mais baixa de nosso Sistema Nervoso Central, localizada no tronco encefálico. Ao estimular certas partes do cérebro nós conseguimos modular, ou seja, modificar o funcionamento desta área, que somadas ao exercício, ou não, resulta em uma redução da pressão arterial”, conclui o doutor Moura.

De acordo com os resultados da pesquisa, através desse tratamento será possível fazer com que indivíduos hipertensos resistentes diminuam a quantidade de medicação ou, quem sabe, se tornem hipertensos mais leves, evitando assim que o paciente não fique suscetível às reações adversas causadas pelos medicamentos.

A pesquisa segue dando frutos

A pesquisa foi realizada na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, em parceria com a Faculdade de Educação Física. A tese, que recebeu o título de “Abordagens não farmacológicas na hipertensão resistente: um estudo sobre exercício e Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua”, foi desenvolvida ao longo de três anos, incluindo pesquisa com pacientes no laboratório, análise de dados e a escrita da tese.

Deste estudo sairão seis artigos: um em andamento, dois já submetidos à revistas internacionais, dois que estão sendo escritos e um deles que já foi publicado em uma revista internacional. Confira o artigo na íntegra clicando no link abaixo:

https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/10641963.2021.1871916?scroll=top&needAccess=true

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