Impacto Social

Relações étnico-raciais são trabalhadas no Ensino Superior do UNASP

O UNASP campus São Paulo promoveu um seminário online com o objetivo de apresentar a educação e a as relações étnico-raciais. O evento foi organizado pelo Grupo de Estudos em Direito e Diversidade Étnico-Cultural (GEDEC), e teve como representante o Prof. Dr. Sergio Moreira da Costa, do curso de Direito. GRUPO DE ESTUDOS A princípio, Costa […]

Texto: Aira Annoroso

Palestrantes do webinar.

O UNASP campus São Paulo promoveu um seminário online com o objetivo de apresentar a educação e a as relações étnico-raciais. O evento foi organizado pelo Grupo de Estudos em Direito e Diversidade Étnico-Cultural (GEDEC), e teve como representante o Prof. Dr. Sergio Moreira da Costa, do curso de Direito.

GRUPO DE ESTUDOS

A princípio, Costa destacou que um dos primeiros propósitos do GEDEC é justamente trabalhar com a temática da educação também, haja vista que o contexto em que estão inseridos é acadêmico, mas principalmente cumprir a missão do UNASP de formar e educar pessoas. Além disso, o docente acredita que a educação tem o poder de transformá-las, e são elas que estarão a frente de determinados setores da sociedade. “Nosso objetivo é fazer com que o indivíduo, ao se inserir no mercado de trabalho, tenha essa visão de respeito e igualdade”, comentou.

Em contrapartida, a programação também focou na importância da discussão de relações étnico-raciais serem inseridas em todos os cursos de Graduação da instituição. “Ter alunos e profissionais de diversas áreas participando do GEDEC fortalece a ação de cada curso no que diz respeito à disseminação do tema”, reforçou Costa.

Projeto de pesquisa

A universitária Bianca de Oliveira e a pró-reitora acadêmica Profª. Dra. Silvia Quadros apresentaram um projeto de iniciação científica sobre a educação das relações étnico-culturais.

Para elas, o objetivo foi verificar em documentos de instituições de Ensino Superior disponíveis na internet: políticas e propostas de cumprimento e abordagem da temática de relações étnico-culturais. Ainda mais, repensar sobre o papel da comunidade acadêmica ao se ver diante de situações e temas que merecem conhecimentos e reflexões mais profundas do que as que circulam no contexto do senso comum.

RELIGIÃO E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

Historiador e teólogo, Pr. Robson Aleixo.

Levando em consideração que o UNASP é uma instituição confessional, o historiador e teólogo Pr. Robson Aleixo trouxe uma perspectiva diferente acerca do tema principal do seminário online: qual a relação da religião e/ou a teologia bíblica com as relações étnico-raciais. Em outras palavras: como a religião se posiciona quando se fala de racismo, por exemplo.

Para Aleixo, esse ainda é um tema debatido porque a geração atual não está tão distante das pessoas que viveram no período da escravidão. “Eu convivi com gente que também conviveu com outras pessoas que foram escravas. A escravidão não está distante, está em todos os lugares e é uma instituição extremamente sólida historicamente falando”, afirmou.

Racismo

Em contrapartida, o historiador e teólogo explicou que o racismo é um assunto contemporâneo, e tendo em mente o o contexto histórico-cultural em que a Bíblia foi escrita, não há menção do tema. Mas segundo ele, isso não significa que ela seja inábil para dar uma resposta acerca de como a religião se posiciona sobre isso. “A Bíblia se relaciona com a grandes questões da humanidade”, disse. Em seguida, exemplificou, com situações descritas na Bíblia, como isso se aplica às relações étnico-raciais.

“O princípio fundamental da construção bíblica é o amor. Para Deus, amor não é um sentimento, é um mecanismo estrutural de funcionamento, porque Ele definiu lei como amor”, enfatizou. Aleixo continuou explicando que em Provérbios é dito que aquele que semeia contenda entre os irmãos, Deus abomina.

“A Bíblia diz também que há coisas que Ele detesta, e uma delas é o olhar altivo, portanto o racismo na perspectiva bíblica é um complexo de superioridade que é produzido por um coração que se inclina ao mal, e mal na Bíblia é não amar”, explicou. Em suma, de acordo com Aleixo, o racismo dentro de uma perspectiva bíblica é a negação da humanidade plena do outro quando se nega a origem divina de todos os povos.

TEMÁTICA ÉTNICO-RACIAL INSERIDA EM CURSOS DE GRADUAÇÃO

Profª. Ma. Sabrina Viana mostrando alunos do curso de Nutrição preparando alguns pratos típicos da África, com o auxílio de um angolano.

A nutricionista e docente e do curso de Nutrição do UNASP, Profª. Ma. Sabrina Viana, relatou a experiência de como ela tem trabalhado a temática étnico-racial no Ensino Superior. Primeiramente, Sabrina conta que utiliza duas vertentes: valorização da diversidade étnico-racial na alimentação e o debate sobre racismo. Posteriormente, ela mostra as três formas de trabalhar esses aspectos:

Ensino: na sala de aula trazer o recorte para temas debatidos e estudados nas disciplinas

Pesquisa: com recorte étnico-racial

Extensão: envolvimento com outros setores e fases da educação

Assim sendo, a docente costuma levantar o debate sobre a diversidade alimentar e cultural nas suas aulas para a Graduação, ressaltando que a alimentação serve como um código de reconhecimento social, pertencimento e identidade cultural, e aplica estratégias do Plano Nacional de Cultura que inclui a promoção das culinárias como material e imaterial (registros, preservação e a difusão de suas práticas).

Ademais, diversos eventos são promovidos como: fórum para questões afro-indígenas na contemporaneidade, mês da consciência negra, festival da paz em Angola, aniversário do grupo musical angolano Kuimba, roda de conversa com os estudantes angolanos, oficina de pratos típicos congoleses em versão vegetariana e almoço com comidas tradicionais.

“Os alunos me relatavam que pensavam na África de outra forma, não imaginavam que tinha essa diversidade, e após as experiências envolvendo os colegas angolanos mudaram completamente sua percepção”, revelou Sabrina.

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